segunda-feira, 9 de abril de 2012

“Você já tem tudo, menina!Pra que mais?!”

Estamos cercados de trigais! Mas temos que ter muita sabedoria pra separar o joio do trigo.É TEMPO DE JOIO, BEBÊ!E tempos de muito joio, eu diria!




Ando cansada. Comecei a achar comum ficar até mais tarde no trabalho, a acordar e não tomar café, a sair correndo todos os dias, a adiar mais um mês as aula de yoga, a visita aos que me são caros, a comer o que estiver mais fácil (e normalmente gostoso), e sem querer querendo tampei os ouvidos ao meu corpo, que constantemente fraco e adoecido me implora pra mudar meus hábitos cotidianos.

Como a natureza, um dia estamos exuberantes, criativos e intensos e em outro precisamos de recolhimento, descanso, de voltar ao básico. Existe o tempo da expansão e o tempo da retração. O Yin e o Yang, os opostos que geram o ciclo da vida. Temos essa sabedoria natural, o único problema é saber usá-la.

Nossa natureza continua a mesma, mas o tempo está cada vez mais difícil. Estamos atolados em todos os sentidos, é muita informação, muita tecnologia, muito trabalho, muitos círculos sociais e o que veio pra facilitar parece acabar complicando mais ainda. Não sou mais adolescente, mas não sou velha, eu acho, mas sou só eu que tenho a impressão que está cada vez mais difícil ligar uma simples TV? E esse vício em facebook? Sei, “ninguém é viciado”...e eu vou parecer uma maluca, mas quem aí já ficou um mês, ou menos, uma semana, um dia, sem postar ou curtir qualquer “imprescindível” coisa que seja?

Não sei se sou só eu, mas me sinto cada vez mais refém de minhas próprias aspirações, mais complicada, e que meu tempo não é mais o da minha existência, dos pequenos prazeres, do meu desejo , do meu corpo, mas um tempo em que devo produzir e ao menos objetivar “algo”, seja um Iphone, uma vaga melhor ou um corpo malhado, continuamente.Isso cansa.

Também não acho que a preguiça seja um paraíso, precisamos também produzir algo bom e significativo para o mundo e para nós mesmos. Não contrariados, nem qualquer coisa, nem em excesso.

Precisamos ouvir a voz daquela mãe que fala “Você já tem tudo, menina!Pra que mais?!” e sempre detestamos ouvir.
Precisamos cultivar o que já somos e usufruir do que já temos. Precisamos ignorar nossa mente neurótica!
Precisamos nos recusar a varar madrugadas de trabalho para sermos reconhecidos, de fazer regime para transar, de comprar tanta tralha pra ficar estiloso, a ir a tantos lugares porque todo mundo vai, ver todos vídeos de gosto duvidoso do youtube porque todo mundo viu e adicionar todo mundo no facebook pra ter mais “amigos”.
Não seria mais simples voltarmos antes pra ficarmos dispostos, transar com vontade e sem complicações, usar aquela roupa gostosa que já tenho, de achar algumas coisas ridículas, mesmo que seja da Channel, ver um filme mais interessante que o “Noooossa alegria” e ligar , LIGAR, enfatizo, pro amigo pra marcar uma breja?

E chega de ter que querer! “Minha casa, meu carro, meu celular, meu cachorro, meu isto, meu aquilo”.Pra que tudo isso só pra você? Ou pra mim? Não faz o menor sentido, todos sabem que brincar sozinho não tem graça!
Que tal dividir? Nossa casa? Nosso cachorro? Não soa mais simpático?Divida o computador inclusive! E se você for muito moderno, o celular!Liga pra “gente”!Legal, né?
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